“Eu peço desculpa por chegar tarde, a estação
estava cheia de almas vazias com destino a sua vida. Foi difícil me
esquivar, amor. Pisei em pés calejados da caminhada, bati em ombros
largos e pesados de cargas que se chegassem até você, creio que não
suportaria carregar. Me desculpa pela demora, amor. Desculpa por chegar
quando seu coração já não esperava por mais ninguém. Por me apoderar
dele quando ele não estava mais afim de ser entregue. Por que eu furei a
fila inteira pra chegar a tempo, acredite. Mas sou leve, amor. Tão leve
que quase voou, quase não alcanço a porta. Mas cheguei, estou aqui. E
mesmo que alguém errado tenha chegado antes, eu cheguei, amor. Estou
aqui, agora. Então por favor, deixe-me entrar. Eu sei que travou a
porta, e não acredita em palavras bonitas. Mas eu não te disse nada que
não seja verdade. Eu sou errônea amor, eu faço tudo errado sempre. Mas
eu esperei dias na fila pra chegar aqui, até vidas, se eu não me engano.
Mas cheguei, e eu não queria voltar de mãos vazias. Eu não quero
voltar. Entregue-me seu coração ferido, amor. Deixe-me cuida-lo, para
que tão logo ele possa se abrir pra mim, talvez não por amor. Mas por
carinho, por amizade. Deixa amor, eu cheguei tarde, eu sei. Mas amor, eu
cheguei.”
Juliana Ribeiro. |
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