“porque ninguém escreve bons textos às nove da
manhã. porque eu não escrevo bons textos em hora alguma do dia. porque
eu não escrevo. eu grudo a ideia no teclado e ela faz todo o trabalho.
talvez por isso exista agora alguma coisa que eu preciso explicar pra
você, mas não consigo.
seu rock te libertou do mundo? suas queixas são justificáveis? eu não
sei amar ninguém além de mim porque sou egoísta demais e se eu te conto
nesse texto é pra não sentir nada. só pensar. eu te pensamento. eu te
pensassinto. mas isso mexe comigo de um jeito absurdo. porque a sua voz
bagunça minhas ideias e eu fujo pra óperas e sonatas de piano. o mundo
deveria ser um pouco mais justo. deveria. mui particular, disse Assis.
assim eu defino seus olhos, o prazer no caos que o Centro me dá, as
realidades paralelas driblando minha sanidade pra se estabelecerem aqui:
na minha tentativa de te ser alguma coisa e de deixa de pensar e
simplesmente sentir. sentir. porque se o amor é barulho o que eu preciso
é ouvir. e se você é silêncio o que eu preciso é calar. mas só consigo
gritar e gritar e gritar. existem poetas que ao invés de caixas postais
se escondem em endereços virtuais. tudo agora é pontocom, menos o que eu
deveria ser. menos quem realmente sou. mas é pra falar de você, sou pra
falar de você. e eu vim contar pra todo mundo que as linhas do teu
rosto são fotografias mentais que se refletem nas vitrines da cidade,
vim pra te fazer acreditar que se eu disser que amo, é mentira. e que
para os egoístas, pensar é a única verdade. os individualistas se
declaram em balões cerebrais.
mas você não se importa com nada do que eu penso.
e talvez você sinta… ou minta.
mas você não se importa com nada do que eu penso.
e talvez você sinta… ou minta.
tanto faz.”
Berlin, 1950
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