“Eu não sou suas trinta gotas de dipirona. Apesar de ser amarga, não gosto de escorrer pela garganta. Não gosto de curar e não posso. Você sabia que eu não podia te curar. Sua dor estava além das minhas unhas. E das suas. Pois eu sei, eu sei. Você comeu o pão que o diabo amassou. Eu sei. Mas quer saber? Parece que foi com manteiga. E parece que você gostou muito. Você repete e repete o sabor como se o maldito pão fosse um mantra. Você comeu melhor que eu. O diabo não se permitiu amassar meu pão. E eu me contentei com suas sobras. Ah, quem comeu mal quer esquecer. Se você lembrasse disso, seu estômago se retorceria menos. E sua boca não estaria sempre ácida. Esqueça o pão, vai, esqueça. Deus perdoa, mas o diabo não esquece.”
Cecília P., Sisudez
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