Quando eu perdi o medo de ficar sozinha. - Simplesmente Sereníssima

Quando eu perdi o medo de ficar sozinha.

em 24 de outubro de 2019


Nunca escondi de ninguém que tive um medo pavoroso da solidão durante muitos anos da minha vida. Lembro-me do desespero q me possuía na infância em momentos que tinha que ficar sozinha. Chorava, batia os pés, era uma birra só. Não mudou muito na adolescência, sempre tinha q estar grudada em grupos ou naquela amiga inseparável, era dia e noite interagindo com alguém seja pessoalmente ou por telefone, aliás! Eram horas pendurada nele.
Então, começaram os namoros! Pronto. Daí em diante era uma relação emendada na outra. Parar para respirar, ponderar, avaliar? Nem pensar! O q fosse possível fazer para me distrair de mim mesma, faria. Isso inevitavelmente gerava uma dependência gigante da pessoa q eu estava. Me recordo bem de me angustiar com ausências, distanciamentos pós discussões, brigas e até de me humilhar pelo pavor de me ver só... Pois é, demorou bastante para me interessar mais em mim do q no outro. Já estava com meus 20 e alguns anos, quando comecei a gostar mais de mim, mergulhar nos meus interesses individuais, entendendo que sim, a pessoa que estou é importante, mas jamais será mais importante do que eu na minha vida. Na verdade, foi um processo tão natural, que quando dei por mim, estava fazendo muitas coisas sozinha. Fui construindo meu universo particular com minha singularidade, intimidade e privacidade. Mais consciente de meus recursos, passei a curtir minha companhia, ouvir meus próprios ecos, reconhecendo minhas sombras, meus desejos obscuros, confidenciando receios, ponderando escolhas e analisando caminhos.
Na realidade, com o tempo a gente vai percebendo que a tão temida solidão faz parte da gente. Nós nascemos e morremos sozinhos e é sozinho também q vivemos todas as emoções dessa vida, q por mais que tentemos contar, compartilhar e dividir com alguém, só sabe o que sentiu aquele que sente.
Mas, enquanto não suportamos encarar nossa condição, insistimos em evitá-la, nos distraindo da solidão com movimentos que nos entretenham nessa fuga de nós mesmos, até o momento que por bem ou mal encaramos o que nos assombra e finalmente passamos a existir de verdade, sem nos sujeitar a qualquer coisa ou aceitar qualquer companhia.
~ Pamela Magalhães 


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